Unicesumar Campus Londrina
Avenida Santa Mônica, nº 650 Santa Terezinha   CEP 86027-610
Diretor Carlos Henrique Gorges Vici
E-mail da Escola: londrina@unicesumar.edu.br e ou carlos.vici@unicesumar.edu.br

Professora coordenadora dos trabalhos:
Daniela Sikorski

Membros da comissão julgadora:
Camila Cardoso Lima  Disciplina que leciona: Direito Processual Civil: Teoria Geral do Processo / Direito Processual Civil: Recursos e Recursos em Espécie
Daniela Sikorski  Disciplina que leciona: Saúde Coletiva / Gestão de Projetos / Gestão por Competências / Gestão da Qualidade/ Serviço Social e Formação Profissional                                        
Isis Carolina Vicente Massi  Disciplina que leciona: coordenadora de cursos

Texto de professor Universitário
Prof.º Daniela Sikorski
Assistente Social, Docente (EaD e presencial) e Supervisora Acadêmica Unicesumar

Londrina Cidade de Paz –
O dia em que o Dado da Paz sumiu

O movimento em prol da Cultura de Paz tem sido amplamente abordado por diversos segmentos sociais, trazendo diversas ações, reflexões e iniciativas, mostrando-se também como uma demanda profissional, exigindo inclusive um repensar deste assunto na formação profissional.

A Cultura de Paz é uma busca constante em toda a sociedade, por isso precisa também ser ensinada nas Instituições, pois não basta ser a favor da paz, é preciso repudiar a violência em suas variadas formas e tipos. Fala-se de promover uma Cultura de Não-Violência, e para isso é necessário investir em ações voltadas para a Educação para a Paz.

O agravamento das expressões da questão social, o desmonte das políticas públicas e sociais brasileiras acusam uma violência contra os cidadãos de forma sem igual neste século XXI, diante disso devemos pensar e agir na superação das desigualdades por meio de ações não-violentas, a partir do processo de Educação para Paz a fim de alcançar uma Cultura de Paz, através da justiça social, direitos humanos, igualdade e equidade.

A partir da dimensão pública e também política da Cultura de Paz, compreende-se que uma mudança estrutural somente será alcançada com a participação ativa de todas as profissões/profissionais e cidadãos, compreendendo a corresponsabilidade no avanço da democracia, na liberdade enquanto valor central, direitos humanos e sociais.

As práticas de Educação para a Paz devem ser realizadas não somente nos ambientes escolares, mas em todos os espaços de relações humanas, pois consiste num instrumento, uma forma pedagógica de ensinar para a paz. Para isso é preciso aproveitar todas as possibilidades de ensinar para a paz durável, para a não-violência, para a convivência positiva, para o diálogo crítico, científico e fraterno.

Desta forma podemos dizer que, assim como as violências, a PAZ se aprende, todas as coisas que acontecem na vida nos ensinam: desta maneira peço licença neste momento , pois vou contar uma história que ilustra o que tenho dito até aqui: o dia que o Dado da Paz sumiu em Londrina!

          Londrina, é uma linda cidade com aproximadamente 600 mil habitantes, é a segunda maior cidade do Estado do Paraná, polo industrial, estudantil e tecnológico que atrai e acolhe pessoas de diferentes lugares do Brasil e do Mundo.

E foi em um dos cartões postais de Londrina que a história se passou: o Lago Igapó II. Neste local está localizado o (*)Monumento Totem da Paz, fruto de uma ação proposta pela OSC Londrina Pazeando. 

A Trilha da Paz, uma das peças do Totem da Paz, se apresenta no formato de um jogo de tabuleiro em formato ampliado, permitindo às crianças, jovens e adultos a vivência e compartilhamento de valores e princípios humanos através da gamificação, e como isso acontece? Como em um bom jogo de tabuleiro, basta “jogar os dados”, no caso aqui abordado girar os dados. Os Dados da Paz ficam presos às estruturas metálicas, devido ao tamanho e também para garantir que ele permaneça fixado no Monumento.

Mas estando fixo, como um deles sumiu?

Eis o mistério a ser descoberto… ou não… Num certo dia do ano de 2021 deram falta de um dos dois Dados da Paz, a busca se inicia. Como procurar? Onde procurar? Quem acionar? Registar um boletim de ocorrência? Contatar órgãos públicos? Enfim…

O que se sabia era da indignação quanto ao ato praticado. Será que fora roubado ou que alguém o tendo visto caído, guardou para futuramente entregá-lo, mas como acionar o responsável para devolver, deve ter pensado a pessoa que o encontrou. Bem, são questões que ficarão em aberto.

Para que você compreenda por que estou contando esta história, é porque atualmente estou como conselheira suplente no COMPAZ Conselho Municipal de Cultura de Paz de Londrona, e desde o sumiço do Dado, muitas foram as hipóteses elaboradas, mas maiores ainda foram as tentativas de se encontrar um por quê para tal ato. Como se lá o fundo da consciência houvesse um grito: Roubaram a Paz!  De certa maneira contraditório e ao mesmo tempo o sumiço é o reflexo da urgência de se investir na construção de uma Cultura de Paz, e para isso é necessário Educar para a Paz, e este era justamente um dos objetivos do Dado da Paz, agora sumido.

Mas como coletivamente pensamos melhor e também ganhamos apoio e conforto, pensou-se em se utilizar das redes e mídias sociais para noticiarmos o ocorrido, e quem sabe reaver um dos nossos símbolos da Paz de Londrina. E assim foi feito, além de noticiar aos meios de comunicação, já se pensou em mobilizar novamente a sociedade, que por meio de uma “vakinha virtual” angariar fundos para um novo Dado da Paz, e assim ficaria tudo certo.

Primeiramente noticia-se o sumiço do Dado da Paz, atrelado a uma ação negativa e podemos aqui dizer que por meio de uma violação do bem coletivo a Paz foi raptada pela Violência. Porém, a ênfase no negativo ganha um reverso.

O que será que aconteceu? Vou te contar:

Numa das entrevistas e participações do COMPAZ nas redes de comunicação televisiva, a história foi contada, a reflexão foi instaurada e a indignação compartilhada, mas não é que a Paz (entenda-se a paz no seu sentido mais amplo e complexo) permeia muitas famílias londrinenses, e o universo certamente conspira à favor?

Uma adolescente assistindo a entrevista na TV identifica o Dado da Paz e percebe que este estava no barracão onde seu pai armazena os materiais recicláveis que recolhe pela cidade e região, e cuja renda sustenta a família. Ela não hesitou e imediatamente propôs-se a devolver para o local de onde não deveria ter saído. E assim foi feito.

Passada a comoção e o vigor televisivo em torno do fato, o que ficou?

O Dado da Paz sumiu. O Dado da Paz apareceu. Abandonado nas ruas de uma cidade vizinha à Londrina. Um cidadão trabalhador o encontrou, recolheu, guardou. A adolescente antenada e informada viu a reportagem, ligou os fatos e fez o que uma cidadã de paz faria, devolveu.

Você pode estar pensando, Ah! Mas é só um objeto, para que tanta atenção em torno disso? Eis a lição aprendida:

Se o Dado da Paz foi roubado ou não, nunca saberemos, o que sabemos é que a partir do seu sumiço, levantou-se a discussão da importância da Cultura de Paz na cidade de Londrina nos meios de comunicação, em meio a tantas notícias perversas, o seu sumiço acabou por ganhar uma conotação positiva, pois esta adolescente acendeu a importância de se Educar para a Paz, a partir dos princípios aprendidos com sua mãe, que há anos atrás aprendeu com um certo educador social que atuava em uma Organização da Sociedade Civil da Cidade, que não por coincidência é o nosso secretário do COMPAZ, envolvido e idealizador de tantas ações de Paz.

Ficou claro, que a semente foi plantada por você Luis Claudio Galhardi, brotou e deu frutos, bons e saudáveis frutos, e o resultado você pode verificar ao receber o Dado da Paz sumido, das mãos da filha de uma ex-aluna sua!

Isso é prova que: se podemos aprender a violência, certa e comprovadamente podemos APRENDER A PAZ.

(*)Por meio dessa iniciativa também foi firmada uma parceria com o projeto internacional Living Peace, que traz o jogo de dados pela paz. Atualmente, a entidade é reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e é realizada em 165 países do mundo. A organização internacional é a responsável pela elaboração do dado pela paz, em que permite às crianças do mundo todo brincarem e aprenderam valores e princípios baseados no respeito às diferentes culturas. Disponível em: https://blog.londrina.pr.gov.br/?p=60261

Texto de aluno Universitário
João Paulo Francescon
Discente do Curso de Direito

“Em 2040, a Londrina que queremos é – Londrina Cidade da Paz”. Como estou contribuindo para isto?

            Nossa língua é recheada de sentidos, significados, semânticas e figurações. Mas acredito que nenhuma palavra, com menos de quatro letras, carrega tanto sentido quanto a palavra “paz”. Na busca deste ideal, deste estado de espírito, já acreditamos que, com guerra traríamos paz.  Já acreditamos que, eliminado os diferentes e agregando apenas os “raças puras”, traríamos paz. E quando digo nós, me refiro a momentos coletivos, antigos, de consciência, onde muitos, mas não todos, acreditavam que a paz só seria alcançada com a ausência de conflitos. Assim explicita *Kant  (1989, p.28), “a paz torna-se mais onerosa do que uma guerra curta, são assim eles próprios causas de guerras ofensivas para desfazerem-se desse peso”.

          Este, acredito, ser o principal e mais importante conceito que deveremos entender sobre a paz. A paz não é alcançada com a ausência de conflitos, mas sim com a convivência pacífica dos mesmos. Porém chegamos ao principal cerne da questão. Então como poderemos chegar ao estado de paz no Brasil? Por incrível que pareça, a resposta é deverasmente simples: por partes. Antes de querermos um país que tenha paz, deveremos ter um Estado que tenha paz. Antes de termos um Estado que tenha paz, deveremos ter uma cidade que tenha paz. Antes de termos uma cidade que tenha paz, deveremos ter famílias e cidadãos que tenham paz.

          Paz, é um estado de egrégora, onde o querer faz toda a diferença. Paz, tem muito mais haver com o caminho que trilhamos para consegui-la e não com o fim em si. Contribuir com a paz, é afirmar e acreditar dentro das escolas, universidades e dentro de nossas casas que a paz é possível. Como diz um velho provérbio grego, “Começar já é metade de toda ação” e, a única forma de começarmos a implantar a paz em nossa cidade, seja para 2040 ou seja para qualquer ano que seja, é disseminando, um a um, que ter paz é muito mais uma realidade quando acreditamos nisso. O meu tributo para a paz é acreditar e dizer a todos que também o podem.

*KANT, Immanuel. A paz perpétua. Porto Alegre: L&PM, 1989.